"Sempre tenho confiança de que não serei maltratado na porta do céu, e mesmo que São Pedro tenha ordem para não me deixar entrar, ele ficará indeciso quando eu lhe disser em voz baixa:"Eu sou lá de Cachoeiro..."

(Rubem Braga)

terça-feira, 28 de junho de 2011

Para que títulos se a voz não é ouvida?!


Atenas Capixaba; Princesinha do Sul; Capital do Mármore; Cidadão Cachoeirense; Cachoeirense Ausente; Orgulho de ser bairrista. Títulos que homenageiam a cidade e seus cidadãos.

Cachoeiro de Itapemirim foi a inspiração de muitos ilustres personagens de nossa história e hoje deles nos recordamos celebrando o legado que aqui deixaram. Na comemoração do dia de Cachoeiro homenageiam-se os ilustres presentes e os ausentes, cidadãos que contribuem ou contribuíram para a evolução da querida princesinha do Sul.

Com a euforia das festividades deste junho de 2011ocorreu-me a lembrança de que Cachoeiro havia recebido de dois cidadãos Paulistas, Valdieri Martin e Angella Borelli, um presente valioso: a brilhante ideia de ensinar a esculpir na rocha que dá o título a esta Capital do Mármore. A Princesinha do Sul se emocionou na inauguração da FUNPROARTE, e na arte de esculpir estiveram inscritos aproximadamente 128 alunos.

Contudo, o livre espírito artístico, foi apunhalado e reduzido a pó e papel, o projeto ao qual foram dedicados quase 20 anos vida dos escultores Valdieri e Angella. A Fundação Pró Arte foi “deixada de lado”, pelo poder público municipal. Não há que se falar em datas, pois o poder público, seja em qualquer mandato, tem o dever, que é sinônimo de obrigação, de apurar fatos e restabelecer a ordem. Incendiou-se, literalmente, a FUNPROARTE! Documentos, primeiras esculturas em argila que fizeram orgulhar não só os escultores, mas familiares e cidadãos que acompanhavam o projeto.

O que se almeja hoje é restabelecer o direito de ver cumprido o que está consignado em ata HISTÓRICA da Câmara Municipal, onde somente se viu igual número de pessoas no plenário daquela casa quando da discussão (oposta) da instalação do presídio. É um caso recorrente, a cada novo exercício de mandato muda-se tudo de lugar, o que se construiu em um mandato é destruído no outro, seja governo Municipal, Estadual e até Federal. É comum, é o que vemos, mas não é o que queremos.  

A história se nutre de fatos, é contada por documentos, não há como apagar, no local (doado pelo município) onde foi um dia uma Fundação considerada documentalmente de utilidade pública, com o fim de ensinar a arte de esculpir em mármore, hoje se instalou o caos, esculturas que lá estavam foram danificadas ou mesmo destruídas, outras, salvas por Valdieri e Angella aguardam quem as receberá para ser parte do acervo cultural desta Atenas.

Existem leis e decretos visando a criação e organização da Fundação Pró Arte, a lei n° 3907/94 – Dispõe sobre a criação da FUNPROARTE, 9644/94 – aprova o conselho curador; Decreto 10.405/96 – Aprova o estatuto da Fundação Pró Arte; Decreto 10.406/96 – Aprova o regimento interno; Decreto 10.887/97 – Aprova a diretoria Executiva; Lei 4445/97 – autoriza ao poder público municipal a prestar ajuda financeira a Fundação. Tudo letra “quase” morta!

Para que servem tantos títulos se a voz dos cidadãos da Atenas Capixaba, Capital do Mármore não é ouvida! Muitos alunos estiveram na Câmara Municipal manifestando-se em prol da fundação, em jornais já se escreveu em defesa da Fundação Pró Arte.  Em 1998, a Defensora pública Viviane Terezinha Romanelli, sobre a possibilidade de fechamento da Funproarte escreveu sobre o que havia lido em 18/04/94, palavras que nos emociona: “(...) com muita tristeza, pude ler que a Fundação está com seus dias contados. Será que nós homens temos o Direito de, com nosso descaso interferir na história interrompendo um projeto de grande valor cultural, social e econômico para nosso município? E continua sobre texto que Valdieri escreveu da hipótese da Fundação somente ter o alcance desejado em 2015: (...) “Se assim for, muitos de nós terá de assistir ao evento dos camarotes do Céu, pois já não mais estaremos aqui “di persona” para sentir aquela emoção que todos nós sentimos, principalmente Valdieri e Angella, no momento daquela inauguração”.

O Cachoeirense Presente deste ano de 2011, Juarez Tavares, foi um dos primeiros entre tantos outros a exemplo de Wilson Dilem a se pronunciar em defesa do projeto da FUNPROARTE. Quem o defenderá novamente?

Aqueles que repetindo o gesto de “Pilatos” lavam as mãos, não terão chance de arrependimento, quem tem competência para tal, mude o rumo da história, escreva seu nome nela, ressuscitando este projeto de importância cultural, social e econômica para Cachoeiro.

(Dra. Lucilia Ribeiro Stanzani - Advogada)

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Quais são os motivos para festejar?


Para os cachoeirenses vento frio é achaque para tirar do armário aquelas grossas blusas de inverno que só se usam em viagens para o Sul do país. Cachoeirense está acostumado ao calor intenso, ar condicionado, Marataízes no verão e ruas desertas nos finais de semana de janeiro. Vez ou outra um amigo que hoje mora em São Paulo liga e não abre mão da pergunta: Como é que está o clima aí? A resposta, por estes dias, tem sido assim: Está ótimo! Fazendo frio. Estamos até usando botas e blusas mais grossas... Imediatamente ele quer saber: Quantos graus? Inocente e até com certa excitação respondo: Depende do horário, mas já chegamos aos 15° ou 17°. Do outro lado da linha só ouço sua risada, debochando de nossos momentos mais “gelados”. Que inconveniente!

Mas o frio em Cachoeiro também anuncia festejos. Dia 29 de junho, festa da cidade, cachoeirense ausente, desfiles, baile de gala, alvorada (alguém se lembra?), shows na Exposição (agora sim, né?!). O clima muda e agora não apenas pelo frio. É festa! E, portanto, seria injusto tornar a interrogativa que encabeça este artigo em frase afirmativa-negativa, até porque ainda acredito que temos motivos sim para fazer festa. Talvez não sejam os mesmos motivos pelos quais todos festejariam, mas eles existem. Recordo-me que em 2008 escrevi: “Dia 29 de junho de 2008, Avenida Beira Rio, 05h50min: Banda 26 de Julho escoltada por um carro. Rua deserta. Nada de desfile, apenas a Banda seguindo a tradição. Os mais jovens chegam a se assustar quando ouvem a música, não sabem de que se trata, e assim, devagar, a cultura vai perdendo o fôlego. Quando se fala em festa de Cachoeiro, logo vem a mente os shows na Exposição (Exposição... do que mesmo?). No último dia da festa, os jornais noticiaram acidente grave envolvendo jovem de 14 anos, atingida por bala perdida, quando saía da Exposição. É triste ver como as pessoas preferem cultivar os modismos e atirar pela janela valores insubstituíveis”.

Fato é que o tradicionalismo adornado pelas homenagens imaginado pelo criador da festa, pouco a pouco, se esfarela. Existem alguns que ainda buscam manter viva a chama original, contudo, a deturpação do tempo associada a novos costumes sociais desfoca o objetivo e, assim, entre borrões, o que se pode aproveitar são acontecimentos isolados.

O que parece é que, ano após ano, deixamo-nos ser levados pela correnteza; não nadamos, preferimos boiar crendo que estamos sendo levados para o caminho certo ou que pelo menos estamos indo na mesma direção, contudo, como disse o comediante norte-americano Will Rogers: “Mesmo estando na estrada certa, você será atropelado se ficar apenas sentado nela”.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

"Quem joga lixo aqui tem mãe na zona"


...e já que a autoridade competente não toma as providências cabíveis para sanar o problema, os mais incomodados com o incômodo causado por aqueles que não se incomodam nem um pouco, resolveram agir. Há alguns dias, na rodovia que liga o bairro Cel. Borges à Rodovia do Contorno, passando pela localidade de Cachoeira Alegre (onde não raramente o lixo espalhava-se por toda parte), alguém que se dispôs a fazer o trabalho de limpeza do local (meus parabéns!) também teve a idéia de produzir uma faixa com a seguinte inscrição: “Quem joga lixo aqui tem mãe na zona”. O registro da foto pertence ao amigo Ary Rabelo:
Fazer este tipo de menção à mãe de quem quer que seja não me parece muito “elegante”, entretanto a mensagem tem seu propósito, que obviamente vai muito além do de simplesmente se referir à mãe de alguém...

O cidadão (?) que joga lixo em via pública, certamente é carecedor de educação e de responsabilidade para com o meio ambiente. A rodovia onde hoje está a citada faixa, já foi tema de diversos artigos, uma constante repetição de denúncias que morreram, literalmente, na praia. Parece ser penoso para ambos os lados a compreensão de que é preciso zelar: penoso para quem agride o espaço em que vive e pior, que agride o espaço de terceiros; penoso para a Administração Pública que, infelizmente, peca em seu poder fiscalizador. Sem fiscalização, sem punição. Seguem as infrações.

Para quem teve a iniciativa de retirar o lixo, limpar as margens da rodovia e (por que não?!) de colocar a faixa: Meus sinceros parabéns, seguidos de agradecimentos!

Atenção: Na mesma rodovia, numa de suas primeiras curvas mais perigosas, por ocasião das últimas fortes chuvas, o asfalto (que é irregular) cedeu, abrindo uma cratera, restando ao motorista apenas meia pista. No local existem marcas de frenagem e também a notícia de um acidente motivado pela ausência de passagem. A sinalização do problema se resume a um amontoado de galhos, deixando os usuários da via à mercê da sorte. O buraco em questão não é recente, se considerarmos o alto percentual de risco a que ele expõe os motoristas. Se para quem conhece o caminho o perigo é iminente, para turistas o risco é incalculável.

Será que para resolver este problema, alguém mais incomodado que os outros terá de tomar a iniciativa? Se isso acontecer, mal posso esperar para ler o que estará escrito na próxima faixa...