"Sempre tenho confiança de que não serei maltratado na porta do céu, e mesmo que São Pedro tenha ordem para não me deixar entrar, ele ficará indeciso quando eu lhe disser em voz baixa:"Eu sou lá de Cachoeiro..."

(Rubem Braga)

domingo, 17 de fevereiro de 2013

“Dormindo” eternamente em berço esplêndido


Finalmente, rompido o período carnavalesco, iniciamos 2013 a todo vapor (ou quase).  Brasil, este país “manso” por natureza, “deitado eternamente em berço esplêndido” (e uma professora de História, de quando eu estava no Ensino Fundamental, fez o trocadilho que não esqueço, substituindo “deitado” por “dormindo”), não tem o costume de levar a sério os meses de janeiro e fevereiro (ao menos não antes do carnaval). Maturidade que ainda não veio; como se este imenso Brasil fosse uma criança maior em corpo do que em idade. Mas, já que agora rompemos, de vez, a barreira imposta pelo feriado festivo obrigatório, vamos ao trabalho!

Feijoada política: No cenário político cachoeirense, de fato, a feijoada não foi servida, mas a panela de pressão já ferve e se agita em fogo alto há tempos, há pelo menos três meses... Bom cozinheiro sabe que se ficar tempo demais no fogo, o feijão pode secar por falta d’água, ou amolecer, se a água for demais... Pelo que se conhece, para estar no ponto, mais uns dois meses de cozimento, e aí sim, prato feito, todos à mesa. Vale lembrar que discussões passadas e fogo apagado não agitam panela. Já era.

Uma novela chamada Itabira: Está marcada, ainda que extra-oficialmente, a audiência pública que aprovará o Plano de Manejo do Monumento Natural Itabira. Dia 12 de março de 2013, às 19h, no clube do SindFiscal, que é local de fácil acesso para a comunidade. A fase vivida pode ser chamada de inédita. Depois de muitas falas e também de muito silêncio, as denominações Parque Municipal e Área de Desenvolvimento Sustentável, uma espécie de vício em pronunciamentos empolgados, porém pouco embasados, promete, de uma vez, desaparecer. Unidade de Conservação – Monumento Natural, que o é desta forma há pelo menos oito anos, receberá seu “manual de conduta”, não para estabelecer imposições, mas orientações de como os “donos” da área deverão se portar em relação à exploração do terreno (não desapropriável) que possuem. Torço pelo melhor e mais benéfico à comunidade, sempre, e nisto está inclusa a preservação do meio ambiente. Sem mais palavras, como diria o amigo jornalista Roney Moraes.

É zero mesmo: Comentário sucinto ao artigo 165 da Lei n. 9.503/1997 – que instituiu o Código de Trânsito Brasileiro – apenas para dizer que, da leitura mais singela do dispositivo legal, é fácil extrair a informação de que dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência, é caso de infração gravíssima, com penalidade de multa na casa dos R$ 1.915,38 e suspensão do direito de dirigir por 12 meses. Detalhe: se houver reincidência no período de até 12 meses, o rombo no bolso será de, aproximadamente, R$ 3.900,00. O carnaval terminou, mas a lei continua. Olho vivo.

Preâmbulo constitucional: “Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL”... E se Deus não tiver nada a ver com isso, que Ele possa, no mínimo, nos perdoar por usar seu santo nome em vão...


(Valquiria Rigon Volpato - Advogada e escritora, membro da Academia Cachoeirense de Letras)

Perfil

Saiu na REVISTA LEIA do sábado, 16 de fevereiro de 2013, o meu perfil.


(Créditos para a Jornalista Pammela Volpato)