"Sempre tenho confiança de que não serei maltratado na porta do céu, e mesmo que São Pedro tenha ordem para não me deixar entrar, ele ficará indeciso quando eu lhe disser em voz baixa:"Eu sou lá de Cachoeiro..."

(Rubem Braga)

quarta-feira, 22 de maio de 2013

“Não gosto de política, Deus me livre!”


Não sou muito favorável àquela antiga fala “não gosto de política, Deus me livre!”, que não raro escutamos por aí. Quem não tem afinidade com política, normalmente, recusa-se até a opinar sobre o assunto, num total “deixa isso pra lá e vamos falar de futebol”. Uma pena, porque talvez muito do que hoje é objeto do desgosto de tantos, poderia (quem sabe) ser, ainda que minimamente, distinto do que é.

Se me perguntarem: Valquiria, você gosta de política? Minha resposta virá nestes termos: Gostar não é o melhor verbo para se empregar à pergunta, muito menos à resposta. O caso não pede um gostar puro e simplesmente, mas sim um dever; o exercício diário do não se furtar ao assunto, não se permitir escapar da reflexão, ainda que custosa, sobre todas as mazelas vividas ao longo da história, do não descartar convites que solicitam a participação, do não desistir das possíveis realizações e das necessárias mudanças; do não conhecer e do não se privar de ser cidadão. Criticar por criticar é vazio demais para ser levado em conta.

Dia após dia, torna-se mais difícil reconhecer aqueles que estão dispostos a fazerem parte do grupo dos que podem até não gostar do assunto, mas que sabem a importância do sadio debate. Isso porque muitos dos que compunham este exército (o dos que buscam melhorias), surpreenderam-se sozinhos nas trincheiras, foram alvejados, e agora têm medo de novas cicatrizes. Exércitos sem tropas; vozes que gritam para ouvidos surdos... O receio não é do combate, mas sim da solidão, da falta de apoio e da não perseverança. Andorinha que voa sozinha não faz verão, já dizia a sabedoria popular, e, infelizmente, não faz. Entretanto, melhor ver um só pássaro no céu, do que ter a certeza de que todos perderam as asas e se esqueceram de como voar...

Na última semana: Reunião, que era Audiência Pública, do Conselho Municipal do PDM de Cachoeiro de Itapemirim (esse nosso ‘pequeno’ e ‘travesso’ Cachoeiro...), contou com a ilustre presença do senhor Oficial de Justiça, que, no toque das 15h do dia 15, trouxe notificação recomendatória do Ministério Público acerca do não cumprimento das formalidades e requisitos necessários para caracterizar aquela reunião como Audiência Pública. Prazo, não publicidade do evento e ausente divulgação do conteúdo a ser apresentado à sociedade, estes foram alguns dos apontamentos feitos pelo Promotor de Justiça, Dr. Flávio Guimarães Tannure. Nota-se que o Ministério Público tem se sobressaído em suas mais recentes e constantes ações. Merece destaque, também, o Dr. Hermes Zaneti Júnior, responsável pela pasta do Meio Ambiente. É ele quem está acompanhando, mais recentemente, o caso Itabira, processo este que não me abstenho de participar.

Oração para o Barbosa: Na manhã de sexta, 17, passei bem cedo no Mourad’s para um cappuccino com pão de queijo. Barbosa sempre pergunta: Quer se sentar lá dentro? Respondo com firmeza: Não. Quero ficar aqui, de pé, próxima ao balcão. Bem sabe ele que prefiro a boa prosa, sem falar nos flagrantes! Na ocasião pude ver o Barbosa receber, com carinho, a reza do Adriano (o moço que recebe um trocadinho para não ‘abraçar demais’, não é mesmo, Dr. Mansur?!). Mãos sobre a careca e pedido de benção especial pela vida do nosso amigo, presença inconfundível e indispensável, patrimônio já sabiamente tombado pelo Café Mourad’s. Amém!

(Valquiria Rigon Volpato - Advogada e Escritora, membra da Academia Cachoeirense de Letras)