"Sempre tenho confiança de que não serei maltratado na porta do céu, e mesmo que São Pedro tenha ordem para não me deixar entrar, ele ficará indeciso quando eu lhe disser em voz baixa:"Eu sou lá de Cachoeiro..."

(Rubem Braga)

quarta-feira, 26 de abril de 2017

Asas do coração


Amo a liberdade.
Não há prisão para quem se permite voar!
Saúdo os pássaros no céu;
Um salve à minha ave interior.

Sobre minhas asas,
Não nasci com elas...
Mas cresceram em mim;
Nasceram de dentro...
Do coração.

Abro asas e sorrisos.
Canto mesmo sem saber.
Substituí meu nome;
Agora sou sensação...
Sou emoção...
Sou "deixar"... sou "acontecer".



Valquiria Rigon Volpato
24 de abril de 2017

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Além das obviedades (análise)

Passeando pelas redes sociais durante o feriado de Páscoa, chamou atenção a matéria abaixo. Não me atrai o óbvio; assim, prefiro observar aquilo que está nas entrelinhas...




Existe sempre um contraponto, uma outra versão, outra visão... depende de quem observa; tudo depende, também, da vista do ponto. Se me fosse permitida a opinião, diria: mártir! A imagem é violenta? Sim. Uma cabeça arrancada de seu tronco, de fato, é agressiva, contudo, por entender que nem tudo é o que parece e buscar nisso o não imediato, não habitual, percebo que, assim como na história bíblica (de João Batista), a cabeça de Lula é ofertada (injustamente?) numa camiseta (bandeja) que não é de prata, mas que, consideradas as modernidades, são quase a mesma coisa. Dizer que a imagem é incitação à violência me parece muito óbvio e as obviedades podem não traduzir todos os sentidos; entrelinhas de textos e imagens. Observei a data de circulação da notícia e calha no período em que este nosso Brasil vive intensamente os momentos pascais, a vida de Cristo e suas nuances (tão ou mais violentas do que a imagem do Lula decapitado...). A rainha pediu a cabeça de um dos mais influentes profetas daquele tempo e a exibiu, orgulhosamente, numa bandeja; pediram a morte de Cristo: o que fizeram eles (João, Jesus e Lula!?) para merecerem isso? Enfim, compreensível o levante contra a violência, todavia, esquivando-se do óbvio, ao ver a imagem, afirmaria: Lula, o profeta injustiçado! Talvez o comparasse à Jesus, mas aí já acho que é status demais para o "salvador brasileiro"...


Valquiria Rigon Volpato
16 de abril de 2017

terça-feira, 11 de abril de 2017

Esqueceram. Esqueci. Deduziram.



Esqueceram de perguntar se eu tinha sede.
Esqueceram de perguntar se eu tinha fome.
Esqueceram de perguntar se eu havia dormido.
Esqueceram de perguntar se eu sentia frio.
Esqueceram de perguntar sobre minhas vontades.
Esqueceram de perguntar se eu queria viver (a vida que prepararam para mim).
Esqueceram de me perguntar...


...tanto, que esqueci de dizer.


Não disse se tinha sede,
fome,
sono
ou frio.
Esqueci de dizer quais eram minhas vontades...
Esqueci de dizer qual a vida que eu quis.


Esqueci... e, então...


Deduziram que eu tivesse sede (e tinha?).
Fome (e tinha?).
Sono (e tinha?).
Frio (e tinha?).
Deduziram que eu tivesse vontades (e tinha?).
Deduziram que eu tivesse vida... (e tinha?).


Esqueceram.
Esqueci.
Deduziram...



Valquiria Rigon Volpato
11 de abril de 2017.