"Dois dedos de prosa"...

...e foram só “dois dedinhos de prosa”. Tão rápido quanto engolir o café já nem tão quente. Entre um pensamento e outro, a conversa ligeira e lisonjeira ao passado que ficara para trás. Expressão saudosa, lembrando-se do que ficou parado em algum lugar no tempo, sorria vez ou outra contando com alegria peripécias que viveu. Falava com ardor ímpar sobre as noites e como as via chegar ao fim; das bebidas e bebedeiras. Impregnado do perfume barato misturado ao cigarro, ao álcool, voltava para casa exalando felicidade boêmia, caminhando com passos tortos e olhos miúdos, mas que cintilavam à luz amarelo-alaranjada-incandescente dos postes encontrados rua a fora. De volta, cabeça pesada sobre o travesseiro, encerrava ali a jornada noturna, sem sonhos, sem reflexos e reflexões, espécie de ponto final, dormia. Nada mais. Pausa. Outra lembrança. Um umidificar de olhos, quem sabe. Continuou. Mais histórias, mais intimidade com a madrugada – não falou sobre o dia; ignorou –, queria mesmo ...