Lendo acerca da “polêmica” sobre o aluno Francinaldo, de 16
anos, que fizera espécie de brincadeira no corpo da redação
exigida pelo ENEM 2014, cujo tema era “publicidade infantil em
questão no Brasil”, observei diversos comentários. Algumas
análises, como as do INEP e do próprio Francinaldo, prederam minha
atenção, não exatamente pelo fato da crítica, mas por me
parecerem muito preocupadas com o desmerecimento e pouco com a
lógica, sim, a lógica pretendida, ao meu ver, pelo exame aplicado.
O tema
proposto buscava dar alerta sobre a publicidade infantil, que se
difere das outras chamadas de marketing, isso porque crianças são
mais sensíveis a determinadas imagens e falas do que adultos. Não é
novidade que o mercado de propagandas se vale de mensagens
subliminares para capturar a atenção, assim, como quem não quer
nada... Não se trata de paranormalidade ou qualquer outra coisa que
pareça ser de outro mundo! Trata-se, tão somente, de estratégia
daquele seguimento comercial.
Pelo
curto trecho do texto que pude ler - divulgado nas matérias de
internet - preciso dizer que Francinaldo, apesar de confessar que fez
"brincadeira" durante a composição da redação, foi
capaz, ainda que inconcientemente, de se aproximar do tema proposto
com sagacidade. O tema era publicidade infantil, que se vale de
metodologia distinta, pois almeja conquistar público específico e o
aluno - percebam como foi inteligente - escreve a frase “Que tem
essa finalidade, porque é meu niver”, inserindo, portanto, na
composição textual sua própria publicidade, com metodologia
direcionada, chamando a atenção, ainda que não à primeira vista,
para sua propaganda pessoal, quiçá objetivando receber alguns
presentes?! Francinaldo, 16 anos, paraibano... gênio! E não estou
brincando, não!
Os
critérios de correção - coerência, coesão, ortografia,
concordância - devem ser mantidos e ampliados, até porque não
queremos maus escritores, péssimos leitores, no entanto, a
pontuação da redação deve considerar a perspicácia, capacidade
de organização das ideiais e apromoximação do tema, isto é,
capacidade de redigir com intimidade à situação proposta.
Talvez o
aluno não soubesse a dimensão do que estava fazendo - uma pena -,
porém conseguiu atingir o objetivo e, com um toque de humor,
diferenciou-se dos demais textos, que, certamente, ficaram presos à
outras questões técnicas, o que não os desmerece, obviamente, mas
que os equipara, enquanto Francinaldo fez a diferença...
(Valquiria Rigon Volpato
15 de maio de 2015)
Nenhum comentário:
Postar um comentário