"Sempre tenho confiança de que não serei maltratado na porta do céu, e mesmo que São Pedro tenha ordem para não me deixar entrar, ele ficará indeciso quando eu lhe disser em voz baixa:"Eu sou lá de Cachoeiro..."

(Rubem Braga)

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Além das obviedades (análise)

Passeando pelas redes sociais durante o feriado de Páscoa, chamou atenção a matéria abaixo. Não me atrai o óbvio; assim, prefiro observar aquilo que está nas entrelinhas...




Existe sempre um contraponto, uma outra versão, outra visão... depende de quem observa; tudo depende, também, da vista do ponto. Se me fosse permitida a opinião, diria: mártir! A imagem é violenta? Sim. Uma cabeça arrancada de seu tronco, de fato, é agressiva, contudo, por entender que nem tudo é o que parece e buscar nisso o não imediato, não habitual, percebo que, assim como na história bíblica (de João Batista), a cabeça de Lula é ofertada (injustamente?) numa camiseta (bandeja) que não é de prata, mas que, consideradas as modernidades, são quase a mesma coisa. Dizer que a imagem é incitação à violência me parece muito óbvio e as obviedades podem não traduzir todos os sentidos; entrelinhas de textos e imagens. Observei a data de circulação da notícia e calha no período em que este nosso Brasil vive intensamente os momentos pascais, a vida de Cristo e suas nuances (tão ou mais violentas do que a imagem do Lula decapitado...). A rainha pediu a cabeça de um dos mais influentes profetas daquele tempo e a exibiu, orgulhosamente, numa bandeja; pediram a morte de Cristo: o que fizeram eles (João, Jesus e Lula!?) para merecerem isso? Enfim, compreensível o levante contra a violência, todavia, esquivando-se do óbvio, ao ver a imagem, afirmaria: Lula, o profeta injustiçado! Talvez o comparasse à Jesus, mas aí já acho que é status demais para o "salvador brasileiro"...


Valquiria Rigon Volpato
16 de abril de 2017

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