Cheirava saudade...

Posso descrever, exatamente, como estava da última vez que a vi. Havia um sofá caramelo na varanda dos fundos, onde se podia ver a rua pouco movimentada; duas samambaias penduradas num dos caibros do canto superior direito, próximo ao portão de madeira. Porta e janela abertas. A brisa leve se encarregava de refrescar o dia de outono, espalhando folhas soltas pelo ar, movimentos pouco sincronizados - cada uma a sua maneira buscando encontrar onde pousar. Foi ali, bem ali naquela cena onde a vi pela última vez. A face serena se conectava ao corpo em repouso sentada na mesma posição de dias atrás, uma semana talvez. Em suas mãos mantinha seguro um livro e meu desejo, por várias vezes, era saber seu título, como deveria se chamar a reunião do conteúdo daquelas páginas objeto de tamanho cuidado e dedicada leitura. Por mais de uma vez diminuí o passo, “lerdei” a caminhada para, quem sabe, de alguma forma, apertar os olhos e então reconhecer uma letra, sílaba, algo que me fizesse c...