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Mostrando postagens de 2023

Olhou se não tem algum furo?!

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Ensinamentos de mãe a gente vai levando pela vida inteira, ao menos levo os que ela me   trouxe – e ainda traz – apesar de alguns, vez ou outra, não fazerem tanto sentido assim para mim. Para a reflexão de hoje, vou me ater a dois conselhos – naquela época eram ordens – recebidas de mamãe, quase que diariamente, quando garotinha. Como se fosse ontem, lembro de minha mãe fazendo a seguinte orientação quando estávamos prestes a sair de casa – para passeio ou missa, ficar na casa de alguma tia – não importava o evento: “ você vestiu a calcinha certa? Olhou se não tem algum furo? ”. E a explicação vinha em seguida: “ porque se acontecer alguma coisa e tiver que te levar no médico, tem que estar com a roupa boa ”. Hoje, avaliando friamente, me pergunto se mamãe estaria aflita com um possível acidente ou com a vergonha de alguém ver a filha dela com uma calcinha furada?! De certo ela pensava em ambas as situações! Outra recomendação que não esqueço – essa faz mais sentido, inclusive...

Aqueles sábados...

. .."ela teimou e enfrentou o mundo se rodopiando ao som dos bandolins". Sábado, 25 de janeiro de 2020 . Em casa as notícias chegavam por toda parte; no WhatsApp os grupos encaminhavam vídeos, fotos e áudios que, ao serem baixados, davam conta da tragédia. À medida com que as águas do Itapemirim inundavam a cidade, as galerias de celulares transbordavam aqueles arquivos de uma das notícias mais tristes já recebidas pelos cachoeirenses: o Rio Itapemirim, manso, de pequenas quedas entre pedras, havia se transformado com ferocidade inimaginável! Os doze metros acima de seu nível varreram o centro da cidade como nunca – sem qualquer exagero – se tinha visto. Domingo, 26 de janeiro de 2020 . Por volta das quatorze horas, após uma longa noite de angústia, o Itapemirim parecia se reencontrar em suas margens. No grupo de trabalho nos organizamos para a missão, que apenas mais tarde, entenderíamos seu verdadeiro significado; calcei botas emborrachadas, calça, uma blusa mais surrada, a...

21 de Março: Dia Internacional contra a Discriminação Racial e Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé

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“...quando a batida no couro do tambor respondeu à primeira estrofe da cantoria, veio vindo, de dentro, a vibração; sangue pulsando e a certeza de que havia ali identidade. Era o mesmo DNA. Batendo palmas, a roda se mantinha, calor provocado pela emoção aquecendo a noite fria daquele 13 de Maio”. Brasil, país de tantos tons, nasceu miscigenado, injetou nas veias de seus filhos a diversidade e acertou na composição. Vovó Aparecida contava que quando foi encontrada estava debaixo de uma sombrinha, num pasto de fazenda, rodeada pelo gado, disse que o capataz pegou a cesta e levou-a para a sede da fazenda, pra ser criada. Vovó era preta. Já o vovô Antônio, de olho claro, veio marcado pela longa travessia do Atlântico – navio que deixaria a Itália para ancorar no Brasil. Vovô era branco. Num país de misturas, somos resultados de um todo que se explica, mas nem sempre se entende; caminhos atravessados pelo amor, mas também pela dor. Em 1888, naquele 13 de Maio, a notícia era de que a escra...

IncoMude-se

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"Encaixados vão construindo a vida, que é estrada, mas não ponto final"... Tantas coisas para escrever e um emaranhado de pensamentos tentando encontrar porta de saída – assim me sinto quando tenho a necessidade de olhar o papel em branco e conversar com ele coisas que, até sei dizer, mas não com a precisão com a qual posso escrever. Janeiro de 2023, o tempo não parou para minhas reflexões sobre o ano que passou – e 2022 merece uma pausa, uma xícara de café, um biscoitinho polvilhado com açúcar; merece ser sentido. É clichê falar sobre aprendizados após o ano que se encerra, todo mundo faz isso – e daí se sou todo mundo de vez em quando?! – fato é que 2022 me deu certezas, entre elas que caminho não é destino. Mulher, 38 anos, advogada, servidora pública, escritora por paixão e muita convicção, solteira, sem filhos por opção, esses são os pavers do caminho que percorri até aqui. Encaixados vão construindo a vida, que é estrada, mas não ponto final. Lembro da metáfora do sapo,...