"Sempre tenho confiança de que não serei maltratado na porta do céu, e mesmo que São Pedro tenha ordem para não me deixar entrar, ele ficará indeciso quando eu lhe disser em voz baixa:"Eu sou lá de Cachoeiro..."

(Rubem Braga)

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Amor partido

Quisera eu poder falar do amor,
Mas este bandido fugiu de mim
E desde então uso de subterfúgios
Para que eu mesma possa fugir.

Já faz algum tempo que ele se foi.
Lembro quando me disse “adeus”,
Lembro da simultaneidade entre sua despedida...
...e minhas lágrimas.

Era tarde, sol tímido,
Fitou meus olhos pela última vez.
Com ar gélido e sofreguidão,
Balbuciou o fim, deu-me as costas e partiu.

Custou-me a compreensão do ‘não mais’:
Não mais tê-lo por perto,
Não mais tocá-lo,
Não mais senti-lo...

Acostumei-me a estar sem ele,
Acomodaram-se as lembranças,
Calou-se o sofrimento...
Das labaredas às cinzas, agora, espalhadas pelo vento.

Como viajante que, em busca de carona,
Acena à beira da estrada,
Mas ninguém o vê,
Cansei-me de acenos não correspondidos.

Sigo viagem e a cada passo
Mais se distancia o horizonte.
Do amor que tive, restaram-me acomodadas lembranças.
Do amor que terei (?), apenas algumas frágeis esperanças.


Valquiria Rigon Volpato

17 de janeiro de 2011

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