"Sempre tenho confiança de que não serei maltratado na porta do céu, e mesmo que São Pedro tenha ordem para não me deixar entrar, ele ficará indeciso quando eu lhe disser em voz baixa:"Eu sou lá de Cachoeiro..."

(Rubem Braga)

segunda-feira, 4 de abril de 2011

E o Itabira, hein?


Se Tom Jobim soubesse o que as águas de março fizeram por aqui enquanto fechavam o verão cachoeirense, talvez ele nos fizesse o gracejo de mudar sua rima. Ao invés de “é a promessa de vida no teu coração” ele diria “vamos disponibilizar mais recursos para a recuperação”. É fato que a chuva não deu trégua e vez ou outra volta a cair com intensidade por aqui e em municípios vizinhos. Águas que se acumulam desembocam no Itapemirim e causam enchentes. Barreiras caem por todos os lados, crateras se abrem nas estradas, ou seja, novos problemas que só fazem render o “feijão velho e desenxabido” que ferve nesta panela administrativa.

E já que o feijão está pra lá de aguado, falar da vaca fria não fará diferença para este nada requintado cardápio. Voltemos, pois, ao caso Itabira. Por diversas vezes a região, que é cartão postal da cidade, foi tema de debate nos jornais, uma repetição de reivindicações e mais atualmente denúncias (tudo por conta do ex, atual, ou quem sabe, Condomínio Aldeia do Itabira que está, aparentemente, parado (?), mas ainda possui divulgação na internet). Além, claro, da Rodovia do Contorno, também recorrente em matérias jornalísticas (especialmente nas que escrevo) por não oferecer segurança aos motoristas que por ela trafegam. Travessias e curvas perigosas. Responsabilidade do DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, que sequer se manifesta sobre o caso. Paciência? Não, o caso é para meditação ou outro tipo de terapia intensiva...

Durante a semana, proseando sobre as dificuldades ‘pré’ e ‘pós’ existentes de nosso município, tornei a concluir o que incontáveis vezes li e escrevi. Peço vênia ao atual Prefeito, porque ao trazer para esta pauta algumas das conclusões a que cheguei, posso torná-lo, ainda que aparentemente, vilão da história. Mas desde logo digo: Não o é. Explico. A responsabilidade do representante do Poder Público está adstrita ao período em que ocupa cargo que lhe permite manejar o poder. Seria injusto derramar problemas sobre a atual Administração e esquecer-se dos maus passos dados anteriormente.

Falávamos, portanto, sobre o potencial turístico pouco explorado no Itabira (vou ater-me à região) que não pode, jamais, perder sua identidade. Onde estão os projetos que discutem a exploração sustentável da localidade? Existem? O que já se ouviu dizer era mirabolante demais, agredia o meio ambiente (quase da mesma forma como um condomínio é capaz de fazê-lo).  Às margens da Rodovia do Contorno corre-se o risco de começarem a surgir micro-pólos urbanos, o que, mais tarde, ganhará maiores proporções (isso se nada continuar sendo feito). O Itabira e seu entorno, mesmo estreitado e mal recortado, compreende área rural onde podem ser desenvolvidas atividades rentáveis para moradores participantes de programa específico para esta finalidade (turismo) e para o município.

Imaginar que atitudes erradas ou o que é pior, a inércia, podem desconfigurar aquilo que a natureza, literalmente, demorou anos para construir, deixa de ser “frase de efeito” para virar alerta. O erro pré-existente é inquestionável, mas a permanência nele é, no mínimo, curiosa. Olhos voltados para o Itabira. Os meus não saíram de lá.

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