"Sempre tenho confiança de que não serei maltratado na porta do céu, e mesmo que São Pedro tenha ordem para não me deixar entrar, ele ficará indeciso quando eu lhe disser em voz baixa:"Eu sou lá de Cachoeiro..."

(Rubem Braga)

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Orgulho de ser cachoeirense

Pretensão das pretensões: comparar-se e encontrar semelhanças! Explico. No próximo dia 11 Cachoeiro comemora o Centenário de Newton Braga que, só neste espaço, tantas vezes foi citado, lembrado, mencionado, homenageado e com justo merecimento, não somente por sua construção literária, mas por tantas outras qualidades; por ser filho de Cachoeiro e por ter orgulho de ser cachoeirense.

E, igualmente, no próximo dia 11, comemora-se o Dia do Advogado. Newton Braga foi advogado, não muito amante dos ternos e gravatas, mas sinto que apenas por tê-lo como “colega de profissão”, temos mais um motivo para nos orgulhar, mesmo sabendo das inúmeras e injustas piadinhas sobre a classe (!).

Contudo, ainda não cheguei à explicação que fiquei devendo. Quando mencionei a “pretensão das pretensões”, expunha-me, nada modestamente, (mas creio tratar-se de fato inerente aos nascidos em Cachoeiro...).

Enquanto escrevia, entre pensamentos, fez-me feliz pensar que, assim como Newton, também sou advogada; que ousadamente (e neste tocante não nos parecemos, porque Newton detinha maestria na escrita) rascunho poemas e algumas crônicas; que me permitem publicar meus ensaios no jornal; que tenho apreço pelo jornalismo; que principalmente, assim como ele, orgulho-me de ser cachoeirense!

Quando crianças é mania que nos perguntem: “o que você vai ser quando crescer?”. Sei que dei várias respostas a esta pergunta, mas de duas não esqueço: queria ser jornalista e escritora... Naquela época ainda não conhecia Newton, mas se o conhecesse, certamente, diria qualquer coisa assim: “quando crescer quero ser um pouco Newton Braga”. Porque um pouco de tudo que queria (e quero) se resume nele.

Peço desculpas ao aniversariante pela “boba” comparação, mas por estatura e nascimento, ganhei a ousadia e aí a pretensão. “Poeta, que eu seja sempre poeta, pela glória simples de ser poeta e de saber cantar; que me dês segredo da suprema ironia e da profunda piedade, e a soberba humildade de ser só e de saber sonhar”. (Oração – Newton Braga).

Parabéns Cachoeiro, por ter sido “mãe” e embalado em teus braços Newton Braga! No ano do Centenário fato é que ele faz mais um aniversário, entretanto, o presente já ganhamos desde 1911, quando Newton nasceu. “...e então, certo dia, por acaso, nós nos veremos, de novo, frente a frente. Cada qual  estará algemado a outros destinos e parecer-nos–á que andamos às tontas, muito tempo,e que as estradas que julgávamos familiares e imutáveis eram mundos estranhos em que vivêramos sonâmbulos. Um pequenino detalhe qualquer, vago, impreciso - o meu modo de olhar, teu jeito de sorrir, um gesto, uma expressão, um desses quês inapagáveis - reacenderá, talvez, por um momento, a memória de outros tempos e outros sonhos [...]e então cada qual continuará o seu caminho, pisando firme, com decisão, obstinadamente; - nenhum dos dois olhará para trás..”... (E então, certo dia, por acaso – Newton Braga).

(Valquiria Rigon Volpato - Advogada)

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