Nascemos. Tudo o que vem depois do nascer é conseqüência de se estar vivo, inclusive a morte. A miudeza do ser em seu primeiro sopro de ar, o choro estridente que significa vida, a sensação de tudo e nada apartadas apenas pela linha tênue que divide o abrir e fechar dos olhos, não para o adormecer momentâneo, mas para o adormecer eterno. Tão natural e tão absurdamente insuportável. Resiste-se, é verdade, porém nada mais que isso.
As cenas da imprevisível novela chamada “Vida” se subdividem em capítulos, como outra novela qualquer; os resumos semanais ficam à disposição do público, uns mais secretos, para que se mantenha o suspense, outros tão evidentes, provocantes, tão e tão que, talvez por isso, tornem-se desinteressantes.
Uma novela como outra qualquer. Há amor, paixão, perda, dor, traição, voltas por cima e, claro, decepção. Em “Vida”, há dias em que nada acontece e outros que acontecem coisas demais; uns dias de calmaria, sorrisos plenos, outros camuflados. Dias de tristeza explícita e dias de disfarce. Conflitos, problemas, frustrações, dúvidas, angústias... Tudo isso a “Vida” também tem. É como dito: uma novela, como outra qualquer...
...até que se vejam as primeiras diferenças.
“Vida” tem exibição em tempo integral e não dá simplesmente para mudar de canal quando fica “chata”; ninguém sabe quando será o fim. Hoje, amanhã, depois, não importa o tamanho da audiência que a sua “vida novela” tem: quem decide quando termina não é você... E por mais que se esteja preparado para o último capítulo, não é o suficiente. O último ato da trama (chamado “morte”), cunha de imprevisibilidade todas as personagens. É o fechar das cortinas, o desligar da TV. É o fim da “Vida”; encerram-se as gravações. Valeria, sim, a pena ver de novo, contudo, diferente de uma novela qualquer, a “Vida” não permite reprises...
Homenagem: No sábado, 03 de dezembro, a Família Rigon sofreu uma perda imensurável. Deixou de estar conosco a vovó Zelinda. Ausência sem reposição em nossos corações. Desnecessário dizer que, para sempre, sentiremos saudades.
“Por que Deus permite que as mães vão-se embora? Mãe não tem limite, é tempo sem hora, luz que não apaga quando sopra o vento e chuva desaba, veludo escondido na pele enrugada, água pura, ar puro, puro pensamento. Morrer acontece com o que é breve e passa sem deixar vestígio. Mãe, na sua graça, é eternidade”. (Para Sempre in A Palavra Mágica de Carlos Drummond de Andrade). E “vó”, o que é? Mãe uma, duas, três vezes... Eternidade.
(Valquiria Rigon Volpato - Advogada, porém desta vez, especialmente, neta...)
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