Na última terça, 30, fui
convidada pelas professoras Sayonara e Regina para estar na Escola Estadual Zacheu
Moreira da Fraga, em Soturno, com o objetivo de falar, resumidamente, sobre
Literatura Feminina. Senti-me honrada por ter tido a oportunidade de dispor de
algumas horas para falar sobre literatura e por, especialmente, estar próxima
aos alunos e receber deles tamanha receptividade.
Alunos da 3ª, 4ª, 7ª e 8ª séries tiveram
seu momento literário. Os da 3ª e 4ª, com tempo resumido, chance apenas para um
modesto bate-papo, mas o suficiente para se mostrarem interessados pela leitura
e escrita. A professora Sayonara, que leciona Língua Portuguesa / Literatura, é
grande incentivadora das turmas e cultiva atividades relacionadas à construção
textual criativa que, inclusive, pelo que fiquei sabendo, em breve será
transformada em livreto de autoria de cada aluno, mais especificamente os da 4ª
série. Vale destacar, ainda, que sob a coordenação da professora Sayonara, os
alunos são responsáveis pela construção do jornal da escola, um verdadeiro
primor! O ápice do meu encontro com os alunos, os da 7ª e 8ª séries, se deu
quando nos reunimos para traçar, mesmo que minimamente, um pouco da trajetória
da mulher na literatura, quais barreiras foram impostas e, principalmente, como
foram superadas.
Falamos sobre Josephina Álvares
de Azevedo, prima do também escritor Álvares de Azevedo, uma das pioneiras do
movimento feminista no Brasil (que aproveito para dizer, fora um movimento que,
apesar de hoje, por vezes, ser tomado como ruim e o termo “feminismo” ser usado
pejorativamente, foi responsável por dar à mulher destaque perante a sociedade brasileira
machista da época). Sobre Josephina há que se dizer que em maio de 1889 fez
representar comédia de sua autoria chamada “O Voto Feminino”, uma espécie de
protesto por não ter conseguido incluir a lei do voto feminino no Projeto da
Constituição que se elaborava, voto que somente seria conquistado em 1932, ou
seja, Josephina foi uma mulher muito à frente de seu tempo. Também lembrada, Nísia
Floresta Brasileira Augusta (pseudônimo de Dionísia Gonçalves Pinto), foi
provavelmente a primeira mulher a romper os limites entre os espaços público e
privado publicando textos em jornais, no tempo em que a imprensa nacional ainda
engatinhava. Outros grandes nomes também foram mencionados, tais como Rachel de
Queiroz, Clarice Lispector, Cecília Meireles, Adélia Prado... Enfim, exemplo
mínimo no oceano de grandes mulheres e escritoras!
Estar com os alunos, vê-los tão
atentos e curiosos sobre um tema que para uma maioria é enfadonho
(infelizmente), fez-me confirmar o que trago no título deste artigo, que não
vale a pena desistir, porque desistir de tentar é “burrice” e porque desistir
de levar conhecimento e crer na educação seria como morrer em vida.
Quando se tem vontade de mudar,
ainda que se esteja só, enfrentando a multidão, desistir não é o melhor a se
fazer. Para que a mudança que desejamos ver no amanhã aconteça, as ações de
hoje devem ser contínuas e sempre renovadas, assim como nos campos, em que há
tempo para plantar e tempo para colher. Todo aquele que está à frente daquele
que acaba de nascer é semeador; plantamos para os mais jovens e colhemos aquilo
que fora plantado para nós...
(Valquiria Rigon Volpato - Advogada e escritora)
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