Um avô para recordar
Lembro-me muito bem de como a jornada diária começava. Acordar cedo não era novidade. Era costume. O dia sequer havia clareado, mas já se ouvia o som das panelas na cozinha e, minutos depois, o cheirinho do café fresco tomava conta da casa. Pronto. Era assim que o dia começava. Fogão à lenha aceso, a chaleira de café a postos, pão caseiro com calda de açúcar por cima, bolo de fubá cozido, leite... E gemada! Pequenino que só ele, amparava-se próximo ao fogão, onde costumava apoiar o prato. Com as mãos espedaçava o pão de sal (era assim que chamávamos o pãozinho francês) e aos poucos o amolecia naquela mistura de café, chocolate e ovos. Nós ficávamos olhando, sem coragem de experimentar, acho que com medo dos ovos estrelados, mas vê-lo fartando-se dava gosto. Encerrado o café, pedia sua “roupa de serviço”. Não me recordo de tê-lo visto usando camisa por fora da calça. Ainda que fosse para capinar a horta, acertar o galinheiro ou colher algumas frutas, a mim parecia estar sempre bem ve...