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Mostrando postagens de fevereiro, 2011

Um avô para recordar

Lembro-me muito bem de como a jornada diária começava. Acordar cedo não era novidade. Era costume. O dia sequer havia clareado, mas já se ouvia o som das panelas na cozinha e, minutos depois, o cheirinho do café fresco tomava conta da casa. Pronto. Era assim que o dia começava. Fogão à lenha aceso, a chaleira de café a postos, pão caseiro com calda de açúcar por cima, bolo de fubá cozido, leite... E gemada! Pequenino que só ele, amparava-se próximo ao fogão, onde costumava apoiar o prato. Com as mãos espedaçava o pão de sal (era assim que chamávamos o pãozinho francês) e aos poucos o amolecia naquela mistura de café, chocolate e ovos. Nós ficávamos olhando, sem coragem de experimentar, acho que com medo dos ovos estrelados, mas vê-lo fartando-se dava gosto. Encerrado o café, pedia sua “roupa de serviço”. Não me recordo de tê-lo visto usando camisa por fora da calça. Ainda que fosse para capinar a horta, acertar o galinheiro ou colher algumas frutas, a mim parecia estar sempre bem ve...

Foi assim...

Foi assim, No tempo de um sorriso, Que eu me apaixonei... No tempo do teu riso, No fulgor do teu olhar, No seu jeito de comigo querer estar. Foi no tempo do teu riso, Aquele, meio sem juízo, Que eu me apaixonei. Valquiria Rigon Volpato 07 de dezembro de 2009.

Chuva

...ela estava sozinha, Mas não era algo exterior, A solidão que a corroia morava dentro dela, Em seu coração. A respiração pesada, angustiada, triste... Naquela tarde, ela mal sabia o que fazer, Pois a dor era tamanha que não mais podia agüentar. Quieta, foi até o jardim de inverno, Sentou-se e ouviu a chuva cair. Envolta em um velho xale, Mantinha os olhos fechados e os ouvidos atentos ao correr da água, Ao balançar das folhas e aos sopros do vento. Valquiria Rigon Volpato 27 de setembro de 2007
"Dê-me um ponto de apoio e moverei o mundo" (Arquimedes)

Nem tudo o que reluz é ouro

Inegavelmente a internet tornou-se ferramenta indispensável. Seja para o trabalho ou para simples entretenimento, tudo parece estar atrelado a ela ou de alguma forma resultar nela. É certo que dentre as muitas descobertas do homem, o entrelaçar de computadores pelo mundo através da rede internet é a que mais angaria adeptos. O mundo virtual transporta a realidade para o alcance dos dedos e, assim, cria uma espécie de paradoxo de proximidade e distanciamento. Os atrativos sites e mecanismos de relacionamento e bate-papo variam e são muitos: MSN , Orkut , Twitter , Facebook ... Estes são apenas os mais comuns. É por meio deles que nada mais é segredo. Tudo está ao alcance de todos, ou melhor, à leitura, à escuta, ao click de todos. Uma espécie de invasão de privacidade consentida através da postagem de fotos, vídeos e comentários. Um universo que, a princípio, gera encantamento e proporciona o rompimento de barreiras tais como a timidez, parece fazer com que a realidade aproxime-se ...

Os pontos comuns nos fazem sorrir

O mundo está repleto de diferenças. A diferença é tão presente que faz parte da vida, é um pedacinho de todo mundo que se mistura e basta olhar para saber que, apesar de tantas combinações, é possível distinguir cada traço do diferente que compõe a tela. Tem diferença que é muito boa e tem diferença que é muito ruim. A coisa boa da diferença é que, se todos fossem iguais, a vida não teria muita graça. É bom discordar um pouco de vez em quando, afinal, as discussões são necessárias ao crescimento. A coisa ruim da diferença é que, alguns se prendem tanto a ela, que passam somente a enxergá-la; esquecem a imagem conjunta que formam, como se o entardecer, num dia claro de primavera, pudesse ser ofuscado por uma pequena nuvem escura no horizonte. Em nome da “diferença cega”, alguns pensam que não há limites: matam como se natural fosse o não fazê-lo. Mas não foi sobre a diferença que pensei escrever, quero mesmo falar sobre os pontos comuns. Esta semana, cheguei um pouco mais cedo ao tra...

BBB: Basta de Bunda Brasil!

“Você viu ontem?” Pergunta ávida por informações a vizinha da frente. “Claro que vi, menina! Ontem pegou fogo! Você perdeu?” Decepcionada, ela responde cabisbaixa: “Perdi. Foi culpa do meu filho. Resolveu pedir para que eu lhe contasse uma história quando estava começando... Tentei brigar com ele, falei pra ir dormir, mas o menino começou a chorar, então fui. Mas hoje ele não vai me impedir, nem que ele chore a noite toda”. Ouriçada, a outra abre um sorriso e diz: “Não tem problema! Te conto tudo agora mesmo”. Então, a narrativa tem início: “Max, Newton, Emanuel, Leo e Flávio estão na cozinha tomando café da manhã. Newton, por meio de gestos, pergunta ao artista plástico se ele finalmente beijou Francine e, apenas com o sinal de positivo, o brother confirma. Os meninos gritam, mas Max pede que o beijo fique em sigilo; Priscila não está no jogo para brincar. Tentando acabar com uma suposta timidez de Emanuel, a sul-mato-grossense decide lhe presentear com um strip-tease. A morena joga ...

Melancolia...

No balanço das ondas, No vai e vem do mar, Foi assim que me perguntei: “ Por onde andas ?”... ...aquele a quem devo amar. Era tarde, o sol partindo, O vento revirando os cabelos. Alguns vestígios de esperança sumindo, O gélido ar eriçando os pêlos... Onde procurar? A quem buscar? Apenas esperar? Onde você está? Sentimento sem nome, Capaz de abrir feridas. Cansei-me de brincar de esconde-esconde, Desejo ter minha sentença proferida. Versos infantis, de menina que sonha, Versos tão febris, de mulher que deseja. Versos inúteis... ...de quem só os tem para se agarrar. Não é do amor que trato, É da esperança. Histórias, versos sem rima, Pouquíssimas mudanças... Torna-se pequeno o coração, Se a alma perde as esperanças. Torna-se pequeno o coração, Daquele que possui, apenas, velhas lembranças... Valquiria Rigon Volpato 02 de fevereiro de 2011.