"Sempre tenho confiança de que não serei maltratado na porta do céu, e mesmo que São Pedro tenha ordem para não me deixar entrar, ele ficará indeciso quando eu lhe disser em voz baixa:"Eu sou lá de Cachoeiro..."

(Rubem Braga)

segunda-feira, 28 de março de 2011

O ano do Centenário


“[...] E só o que eu tenho, e que vós não tendes, que consolo triste! É esta sensibilidade dolorosa que se comove com misérias que às vezes mesmo os que as carregam desconhecem, esta sensibilidade que é uma antena delicadíssima, captando pedaços de todas as dores do mundo, e que me fará morrer de dores que não são minhas”. (Fraternidade, de Newton Braga).

A sensibilidade delicadíssima de Newton Braga, este ano, tornar-se-á centenária e é preciso render-lhe homenagens. Amante incondicional de sua cidade (que orgulhosamente também posso chamar de minha), o poeta, cronista, jornalista, advogado, nascido em 11 de agosto de 1911, na Fazenda do Frade, teve e tem insubstituível participação na história e cultura de Cachoeiro. Quando assumiu a direção do jornal “Correio do Sul”, fundado por Armando, seu irmão, talvez não imaginasse que deixaria seu nome nos registros da comunicação cachoeirense. Em 1939 criou o “Dia de Cachoeiro”, maior festa da cidade. E a homenagem ao “Cachoeirense Ausente n° 01”, também foi ideia de Newton!

Na manhã do dia 25, último, data em que Cachoeiro comemorou 144 anos de emancipação política, ocorreu, na Sala Levino Fanzeres, no Bernardino Monteiro, reunião para exposição e acolhimento de sugestões sobre a programação das comemorações do Centenário de Newton Braga. Para extrema felicidade dos que admiram a Família, houve indicação do nome de Dona Anna Graça Braga Abreu (Dona Gracinha), irmã de Newton e Rubem Braga, para Cachoeirense Ausente Número 1 em 2011. Além da reivindicação para reconstrução do monumento a Newton Braga, da Praça Jerônimo Monteiro, principal homenagem prestada ao ilustre cidadão, que infelizmente foi, sem muitas explicações, subtraída de seu nascedouro.

A satisfação de ver tamanha comoção para o resgate e perpetuação da história de Cachoeiro através de uma de suas mais marcantes personalidades é indescritível. Talvez, para simples comparação, poderia dizer que se trata de felicidade, orgulho ou, quem sabe, felicidade, orgulho e bairrismo (não aquele bairrismo que destrói a consciência, mas um bairrismo que mais se assemelha ao encantamento de jovens e apaixonados namorados; o bairrismo que faz brilhar o olhar, quando se tem diante de si a oportunidade de, como os namorados, dizer: “Amo você”!).

Que sejam assim, em ritmo de romance, os preparativos para esta rica festa, pois é a chance que temos de contar aos que não estavam lá sobre esta história... História que começa mais ou menos assim: “Era uma vez... Eu vi, não é surpresa, pois já se incorporou à tradição. Era uma vez um poeta e uma princesa, que se amaram com ânsia e devoção”. (Era uma vez, de Athayr Cagnin, citado na obra Newton Braga O Poeta Franciscano, do escritor Evandro Moreira).

(Valquiria Rigon Volpato - Advogada)

Um comentário:

  1. Excelente.

    Rubem criou asas, virou Sabiá da Crônica e voou por esse Brasil afora...

    E isso parece que ofuscou um pouco o irmão...
    Coisas de família, ou desatenção nossa...

    Nada mais justo: que a Princesa que ele tanto amou nos apresente o seu Poeta...

    Lembro-me do busto na Praça Jerônimo Monteiro, onde se liam os versos citados na epígrafe, dos primeiros com que me encantei em minha vida...

    Nitidamente...

    Até que um dia caí na tentação de começar a rabiscar os meus...

    Metidamente...

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