Mulher

O mês de março é reconhecido como o mês em homenagem a mulher, porque no dia 08 deste mês comemora-se o Dia Internacional da Mulher. Infelizmente, como a maioria das datas comemorativas, esta também entrou para o rol de “dias para dar presente”, ou seja, mais um dia para “aquecer as vendas no comércio”. Triste, pois a essência desta data transmite um significado de lutas e conquistas das mulheres que não se calaram diante da situação que as oprimia.

Num contexto de Segunda Revolução Industrial e Primeira Guerra Mundial, as mulheres da época enfrentavam a cólera de uma sociedade que privilegiava os ricos e esmagava os pobres, ofertando-lhes aquilo que para si julgavam não servir. Na indústria têxtil, o ambiente de trabalho era insalubre, inadequado para abrigar centenas de mulheres que trabalhavam à exaustão. Trabalho e vida digna: este era o pedido delas, que se despiram do medo e ganharam as ruas para protestar.

Episódios como o incêndio na fábrica de vestuários Triangle Shirtwaist em Nova Iorque, que matou 146 trabalhadores, a maioria mulheres, também ficou marcado na história de lutas femininas rumo a melhores condições de trabalho, isso em 25 de março 1911.  Alguns anos depois, em 1917, o dia 08 de março (23 de fevereiro pelo calendário Juliano) entraria para a História. Mulheres e outros manifestantes grevistas saíram às ruas para mais uma vez exigir salários justos e pão para os trabalhadores. Por empatia ou por medo, as tropas policiais se recusavam a atacar os manifestantes e os protestos não foram impedidos. Assim, a manifestação daquelas mulheres na Rússia de 1917 desencadeou o que mais tarde seria conhecido como a Revolução Russa de Fevereiro, que teve como resultado imediato a abdicação do Czar Nicolau II, fazendo com que o poder fosse transferido das mãos do Czar para um regime republicano e democrático, nascido da aliança entre liberais e socialistas que visavam conduzir reformas políticas.

Foi o espírito de inquietação, de inconformismo que fez daquelas mulheres responsáveis por transformarem a sociedade em que viviam. A necessidade de mudar e de obter aquilo que até então lhes era diminuído, negado, as fez mais fortes e elas foram, literalmente, à luta.

O Dia Internacional da Mulher está longe de ser somente mais um “dia cor-de-rosa”, bem longe disso! Esta data deve ser lembrada e revivida como marco que constantemente se renova no intuito de não deixar que se perca a determinação, a coragem daquelas que desafiaram poderes aparentes e transformaram a realidade.

Apesar de muitas vezes serem tidas como o “sexo frágil”, as mulheres, cada vez mais, conscientizam-se de seu papel na sociedade e com desenvoltura são capazes de abraçar as atividades no mercado de trabalho e ainda zelarem por seus lares.

Seria incoerente dizer que as mulheres buscam equiparação aos homens, porque esta afirmativa não é verídica. As mulheres sempre estiveram em busca de espaço, seu espaço social, econômico e político. Ser mulher é motivo de orgulho! Não somos melhores, nem piores... Somos ímpares!

(Valquiria Rigon Volpato - Advogada)