"Sempre tenho confiança de que não serei maltratado na porta do céu, e mesmo que São Pedro tenha ordem para não me deixar entrar, ele ficará indeciso quando eu lhe disser em voz baixa:"Eu sou lá de Cachoeiro..."

(Rubem Braga)

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Cachoeiro, quem te ama torce para dar certo!


O tema “coleta seletiva do lixo e reciclagem” dificilmente entrará no rol dos assuntos “démodés”. Por certo, as questões relacionadas à preservação do meio ambiente, cada vez mais em voga, vêm atender os apelos de uma pequena parcela da sociedade que começa a enxergar os rombos causados pela alta interferência do homem na natureza, explorando irregularmente seus recursos e devolvendo a ela suas imundices.

Mundo afora são muitas as deficiências no saneamento, na manutenção de ambientes saudáveis, no descarte consciente do lixo e especialmente em seu reaproveitamento, isto é, reciclagem. Crimes ambientais são cometidos todos os dias, no entanto o mais grave entre todos é executado pela inexistente responsabilidade individual, que não deveria de modo algum ter de ser cobrada, mas sim deveria fluir, tal como os afluentes de rios e córregos que, ao contrário do que lhes é natural, estão sendo soterrados pela covardia humana, agonizando na luta pela sobrevivência.

O quadro de descaso já foi pior, admita-se, até porque houve um tempo em que os despautérios da devastação não eram vistos como “prejudiciais”; falsa e idiota ilusão de que esbulhada a natureza não se defenderia, não exigiria, a seu modo, novamente sua posse. Fato “novo” nesta demanda possessória (em que o homem está em plena desvantagem de direitos) é que, finalmente, há manifestações pela preservação (ainda que por medo do agente causador do dano, que receia ficar sem “casa”).

Na última semana o município de Cachoeiro de Itapemirim foi contemplado com dois prêmios SEBRAE – “Prefeito Empreendedor”. O município concorria nas categorias “Crédito e capitalização”, por conta do apoio ao programa “Nosso Crédito”, e “Formalização de Pequenos Negócios e Apoio ao Empreendedor Individual”, pelas políticas públicas de apoio ao empreendedor, como a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. A grande notícia, além até da premiação, é que a Administração está investindo em novas propostas e se há iniciativa, há possibilidade de mudanças.

Cachoeiro ainda não possui programa eficiente de coleta, separação, reciclagem e descarte adequado do lixo que produz. Em 2008, assim que iniciei a publicação de artigos neste espaço, reiteradas vezes sugeri que se fizesse mais em prol da questão “lixo”. Recente edição do Jornal Nacional transmitiu o exemplo da cidade de Itu, em São Paulo, onde o município conta com a coleta mecanizada, sendo, ao todo, 2,2 mil contêineres espalhados pela cidade. O trabalho de recolhimento do lixo é diário. Lá existe cooperativa para onde o material passível de reciclagem é destinado e, assim, 400 toneladas de “lixo” se transformam em matéria-prima para outros produtos. É lixo gerando emprego e renda. São aproximadamente 160 mil habitantes naquela cidade, famílias conscientes que separam o material de descarte em suas residências e favorecem o ciclo de reaproveitamento, impulsionando a economia do município, que corresponde, valorizando o empenho de seus moradores lhes oferecendo serviço pleno, de qualidade. Inegavelmente é exemplo a ser seguido!

Jamais duvidei da possibilidade da implantação deste modelo de tratamento de lixo para Cachoeiro, ainda que uma ou outra justificativa esbarrasse no quesito “orçamento”. Ver acontecer em Itu o que há algum tempo sonho para Cachoeiro, apenas fez revitalizar o pensamento, e ter a certeza de que o caminho está certo. Bairrista como sou, insistirei, porque enquanto houver tentativa, haverá chance de acontecer...


(Valquiria Rigon Volpato - Advogada)

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