Ano após ano, sempre discutindo as
mesmas questões, os mesmos impasses, as mesmas coisas... a mesmice! É assim que
vive o Itabira: na mesmice.
Hipocrisias muito a parte, pois não as
suporto, veja-se há quanto tempo padece a região do Itabira sem destino certo?
O que muito se viu até hoje foram “interesses”, manobras para se atingir o bem
individual. Já ouvi dizer inúmeras vezes que trabalhar em prol da coletividade
é algo utópico e, neste ponto, peço licença ao leitor para, de um modo menos
delicado, externar meu repúdio quanto a este pensamento. Desde que o mundo é
mundo temos vivido em sociedade, inegavelmente somos coletivo e todas as normas
expressas em lei, por exemplo, foram criadas para ordenar a convivência social.
Nós ditamos as regras, nós convencionamos que teríamos representantes, nós... E
como pode ser que pensar no coletivo tenha se transformado em utopia? Discordo
e não aceito este pensamento.
A unidade de conservação ambiental –
Itabira – hoje sob a nomenclatura de Monumento Natural há anos é pauta que se
discute. Infelizmente, a área verde que circunda a rocha, que também já foi
chamada de “área de desenvolvimento sustentável”, nunca possuiu efetivamente
administrador que zelasse. Atualmente, com demarcação de zona de amortecimento
“feita no facão”, sem estudos aprofundados de fauna e flora, isto é, sem o
devido e conceituado Plano de Manejo, que é justamente o processo pelo qual todas
as espécies de vida localizadas na região da unidade de conservação serão mais
do que catalogadas, e sim observadas e respeitadas em seu habitat natural, o
Itabira está, literalmente, entregue às traças.
O Conselho Municipal do Monumento
Natural Itabira, que iniciou suas atividades no último ano, com intuito de
cuidar dos interesses da região (ou seja, interesse coletivo) tem como uma de
suas responsabilidades, apontar diretrizes, traçar o “referenciamento” que
servirá de base para a concretização do plano de manejo. No entanto, as
atividades do Conselho têm esbarrado em burocracia e também no descaso de
algumas entidades que o compõem. Com morosidade na tramitação dos processos, mesmo
havendo verba para investir nos trabalhos do plano de manejo, as ideias
permanecem no papel.
O que se deve buscar ao tratar questões
que envolvam o Itabira é fazer o melhor para que a riqueza ali presente seja
mantida e que, havendo exploração de recursos, que esta seja feita de modo a
não devastar o que a natureza levou anos para construir. Todos os cidadãos
cachoeirenses devem zelar pelo patrimônio natural impresso na cadeia de
montanhas que dá contorno à nossa cidade.
Dos conselheiros se deve cobrar maior
responsabilidade e empenho na causa, no mínimo participando ativamente das
reuniões e tomadas de decisão. O dinheiro que será investido na feitura do
plano de manejo não é “trocadinho do pão”. São mais de 100 mil reais que
deverão ser gastos e muito bem gastos, afinal de contas estamos guerreando pelo
bem comum, pela preservação, pela conservação do meio ambiente. E cá para nós,
que se danem os interesses individuais, se o que está em jogo é muito maior e
mais valioso do que meia dúzia de vontades atendidas...
(Valquiria Rigon Volpato - Advogada)
Nenhum comentário:
Postar um comentário