Não sou muito favorável àquela antiga fala “não gosto de
política, Deus me livre!”, que não raro escutamos por aí. Quem não tem
afinidade com política, normalmente, recusa-se até a opinar sobre o assunto,
num total “deixa isso pra lá e vamos falar de futebol”. Uma pena, porque talvez
muito do que hoje é objeto do desgosto de tantos, poderia (quem sabe) ser, ainda
que minimamente, distinto do que é.
Se me perguntarem: Valquiria, você gosta de política? Minha
resposta virá nestes termos: Gostar não é o melhor verbo para se empregar à
pergunta, muito menos à resposta. O caso não pede um gostar puro e
simplesmente, mas sim um dever; o exercício diário do não se furtar ao assunto,
não se permitir escapar da reflexão, ainda que custosa, sobre todas as mazelas
vividas ao longo da história, do não descartar convites que solicitam a
participação, do não desistir das possíveis realizações e das necessárias mudanças;
do não conhecer e do não se privar de ser cidadão. Criticar por criticar é
vazio demais para ser levado em conta.
Dia após dia, torna-se mais difícil reconhecer aqueles que
estão dispostos a fazerem parte do grupo dos que podem até não gostar do assunto,
mas que sabem a importância do sadio debate. Isso porque muitos dos que
compunham este exército (o dos que buscam melhorias), surpreenderam-se sozinhos
nas trincheiras, foram alvejados, e agora têm medo de novas cicatrizes.
Exércitos sem tropas; vozes que gritam para ouvidos surdos... O receio não é do
combate, mas sim da solidão, da falta de apoio e da não perseverança. Andorinha
que voa sozinha não faz verão, já dizia a sabedoria popular, e, infelizmente,
não faz. Entretanto, melhor ver um só pássaro no céu, do que ter a certeza de
que todos perderam as asas e se esqueceram de como voar...
Na última semana: Reunião, que era Audiência Pública, do
Conselho Municipal do PDM de Cachoeiro de Itapemirim (esse nosso ‘pequeno’ e
‘travesso’ Cachoeiro...), contou com a ilustre presença do senhor Oficial de
Justiça, que, no toque das 15h do dia 15, trouxe notificação recomendatória do
Ministério Público acerca do não cumprimento das formalidades e requisitos
necessários para caracterizar aquela reunião como Audiência Pública. Prazo, não
publicidade do evento e ausente divulgação do conteúdo a ser apresentado à
sociedade, estes foram alguns dos apontamentos feitos pelo Promotor de Justiça,
Dr. Flávio Guimarães Tannure. Nota-se que o Ministério Público tem se sobressaído
em suas mais recentes e constantes ações. Merece destaque, também, o Dr. Hermes
Zaneti Júnior, responsável pela pasta do Meio Ambiente. É ele quem está
acompanhando, mais recentemente, o caso Itabira, processo este que não me
abstenho de participar.
Oração para o Barbosa: Na manhã de sexta, 17, passei bem
cedo no Mourad’s para um cappuccino com pão de queijo. Barbosa sempre pergunta:
Quer se sentar lá dentro? Respondo com firmeza: Não. Quero ficar aqui, de pé,
próxima ao balcão. Bem sabe ele que prefiro a boa prosa, sem falar nos
flagrantes! Na ocasião pude ver o Barbosa receber, com carinho, a reza do
Adriano (o moço que recebe um trocadinho para não ‘abraçar demais’, não é
mesmo, Dr. Mansur?!). Mãos sobre a careca e pedido de benção especial pela vida
do nosso amigo, presença inconfundível e indispensável, patrimônio já
sabiamente tombado pelo Café Mourad’s. Amém!
(Valquiria Rigon Volpato - Advogada e Escritora, membra da Academia Cachoeirense de Letras)