Na última semana, hospitais do sul do Estado foram tema de discussão na Câmara Municipal e o
assunto ocupou parcela significativa dos jornais, especialmente, após a
realização de Audiência Pública convocada pela Assembleia Legislativa, na
quinta-feira, 21. Presenças dos
Deputados Estadual e Federal cachoeirenses serviram para dar ênfase à questão,
o que é de cunho obrigatório, não apenas para as personagens do legislativo, mas,
sem dúvidas, para todo o cidadão. Saúde é problema (infelizmente a denominação
é mesmo essa) de todos.
Durante a
reunião, foram ouvidos representantes da Santa Casa de Misericórdia, Hospital
Evangélico, Hospital Infantil e Clínica de Repouso Santa Isabel, esta última
considerada como prioridade, vez que, por insustentabilidade financeira, ameaça
fechar as portas e entregar à própria sorte internos e funcionários. Deveras o
caso é gravíssimo, e sob vários aspectos, todos, a seu modo, relatados e
registrados nos pronunciamentos feitos, inclusive, alguns merecem destaque,
seja porque foram criteriosos ao tratar a matéria, seja porque fizeram menção a
temas debatidos em “jornadas” eleitorais passadas...
Em seu discurso,
o Deputado Glauber Coelho, como de costume, teve a polidez gramatical correta
para, de modo geral, emitir sua opinião. Momento marcante de sua fala, a
indignação quanto a “ausências chaves”, como a do Secretário e Subsecretário de
Saúde do Estado, no que seguiu afirmando que não se pode prosseguir quando
medidas esbarram na burocracia departamentária. Assiste razão ao Deputado.
Chamou atenção, em um dos pronunciamentos do Deputado Theodorico, a franqueza
com a qual insistiu para que o hospital do Bairro Aquidaban se torne o novo
hospital infantil de Cachoeiro. O ex-prefeito parece incansável quanto ao
mencionado projeto, mesmo sabendo que os planos atuais para o local são outros.
“Com a palavra as mães e as crianças cachoeirenses”, é o que, não raro,
diz Theodorico quando se refere ao hospital.
Vereadores
presentes fizeram uso da tribuna para dar apoio ao que pretende o legislativo
estadual e ainda para tecerem suas considerações sobre o tema. Em particular,
ressalte-se o importante alerta feito pelo Professor David Alberto Lóss (PDT),
quanto às licitações hospitalares para realização de exames e cirurgias,
relativamente simples, quase nunca ou nunca procedidos em Cachoeiro, isto
porque, no “leilão” de preços, outros hospitais levam vantagem. Disse ainda que
não se pode conceber que pessoas em condições já debilitadas pela enfermidade sejam
obrigadas a enfrentarem estradas e todo o tipo de adversidade, deslocando-se
até outros hospitais, quando na cidade há plenas condições de atendimento.
Enquanto o vereador defendia seu posicionamento, a lembrança da tragédia
ocorrida com a van que transportava pacientes de Jerônimo Monteiro para
Vitória, justamente com vistas a tratamento de saúde, era reincidente. Naquela
manhã do dia 06 de outubro de 2010, quatro vidas foram perdidas; buscavam
saúde, mas encontraram a morte.
Há muito tempo o
Brasil sobrevive a crise na saúde, portanto este privilégio às avessas não é de
Cachoeiro. Estão corretos aqueles que desejam fazer algo para trazer melhoras;
merecem aplausos (e espera-se que não fiquem no meio do caminho...). A imensa
fatia da população brasileira que, obrigatoriamente, vale-se do Sistema Único
de Saúde (SUS), não suporta mais guerrear por atendimento, por celeridade. Há
milhares de cidadãos aguardando intermináveis filas cirúrgicas, pessoas que
falecem esperando respostas que nunca chegam. A saúde pública vive de repasses
de verbas, injeções financeiras que deveriam ser suficientes para tornar menos
dolorosa a vida de quem precisa, mas o que se testemunha é uma deficiência de
recursos (que chegam???).
Vontade
política já é um bom início para dar propulsão à máquina; orçamento, o
combustível; honestidade, a condutora... Que o interesse pela saúde siga firme,
não apenas para majorar valores referentes à diária por internação na Clínica
Santa Isabel, por exemplo, mas para dar tratamento digno aos que dependem das
políticas de saúde pública.
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