"Sempre tenho confiança de que não serei maltratado na porta do céu, e mesmo que São Pedro tenha ordem para não me deixar entrar, ele ficará indeciso quando eu lhe disser em voz baixa:"Eu sou lá de Cachoeiro..."

(Rubem Braga)

segunda-feira, 18 de março de 2013

E vai ficar por isso mesmo?


No início da semana fiquei sabendo de fato entristecedor, que aconteceu (e acontece) nos arredores da igreja Nosso Senhor dos Passos, a Matriz Velha, como muitos ainda chamam. Disseram-me que, no final da tarde de terça-feira, vários adolescentes, em sua maioria estudantes do colégio Liceu Muniz Freire, aglomeraram-se para assistir uma suposta briga de meninas, num verdadeiro tumulto às portas da igreja. Ainda segundo informações, funcionários da igreja ficaram amedrontados, vez que os jovens se portavam de maneira agressiva e impediam até mesmo a entrada na igreja. Mas este não foi o pior dos acontecimentos.

No intuito de dispersar os espectadores da briga e também aqueles envolvidos diretamente nela, uma senhora que, por questões de segurança não citarei o nome, ligou para a polícia e informou o que estava acontecendo, mas, infelizmente, foi neste momento que o abominável ocorreu. Um dos jovens avançou em direção à senhora e, brutalmente, agrediu-a, derrubou-a e aproveitando-se daquela situação de completa impossibilidade de defesa, desferiu chutes contra ela, permanecendo desta forma até que outros chegassem a seu socorro.

Não há como dar título a atitude bárbara cometida pelo jovem, que chegou a pronunciar a seguinte frase antes de atacar aquela mulher: “aqui dedo duro não tem vez”. Enquanto lhes narro os fatos, a todo instante, tenho a nítida impressão de que o ocorrido não pode ser real; ficção é o que parece. Como aceitar que a juventude haja de maneira tão bestial, com comportamentos tão degradantes como estes? Justificativas não calham, pois se torna inadmissível justificar o injustificável.

O tipo de aglomeração vista na tarde do dia 12 de março é problema antigo nas proximidades da igreja, que, por ser igreja, não permanece fechada, mas acaba por enfrentar os riscos do péssimo comportamento da maioria dos adolescentes frequentadores das imediações. Outros casos como assaltos e vandalismo foram-me narrados, mas, até então, nenhum deles se compara ao horror que aquela mulher viveu.

Em 2013 a Campanha da Fraternidade traz como tema “Fraternidade e Juventude”, num verdadeiro empenho para resgatar os jovens e apontar-lhes direções para uma vida de santidade, que não significa ser santo ao pé da letra, mas sim buscar a retidão na construção de seus lares. Vislumbrar a mensagem emitida pela igreja e compará-la aos atos maldosos descritos nesta narrativa mostra que é preciso, in verdade, não esmorecer, porque muito há de ser feito.

A Paróquia Nosso Senhor dos Passos, referência da triste cena, recebeu na última sexta, 15, seu novo Pároco, o Pe. Evaldo Praça Ferreira; o mundo, no dia 13 de março, recebeu a notícia de um novo Papa, Francisco, e Cachoeiro? Quando receberá a notícia de que casos tão lastimáveis deixaram de existir? Dias após o ocorrido, espera-se que não fique impune. Autoridades reúnam-se! Não se pode, sob hipótese alguma, permitir que este tipo de relato tome conta dos jornais da cidade. É vergonhoso, é reprovável. É passível de correção. Pra já.

(Valquiria Rigon Volpato - Advogada e Escritora)

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