"Sempre tenho confiança de que não serei maltratado na porta do céu, e mesmo que São Pedro tenha ordem para não me deixar entrar, ele ficará indeciso quando eu lhe disser em voz baixa:"Eu sou lá de Cachoeiro..."

(Rubem Braga)

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Ah


...ah, eu quero um pouco de tudo,
Um pouco de todo mundo,
Mas, agora, quero muito mais de você.

E por quê?

Porque resolvi dar adeus as consequências.
Porque resolvi viver de causas (e causos) e não de efeitos.
Chega de tanta prudência!

Então, daqui pra frente, tome nota do que digo e não se espante!
Lembre-se, tenho bom coração,
Longe de mim qualquer maldade!

Se eu disser 'venha' é caso de saudade,
Se eu disser 'vou' é que não passou a vontade...
Mas se eu disser 'fique'... ouça bem, não é tolice!

Se não quero que vá, é porque já lhe sinto um pouco meu;
Já lhe tenho em lugar seguro. Mas se resolver partir,
Longe de mim lhe prender, pois não sou desse tipo, não!

Só farei um pedido,
Talvez bobo, talvez sem sentido...
Antes de ir, quando estiver próximo ao portão,
Sem dó, ateie fogo nesse meu estúpido coração...

Assim, pouco a pouco as lembranças, pelas chamas, se consumirão.
E se as cinzas não têm forma, dor também não...

(Sem métrica. Sem rima. Sem a devida cadência. Apenas contando com sua paciência).

Valquiria Rigon Volpato
29 de março de 2011.

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