Ensinamentos de mãe a gente vai levando pela vida inteira, ao menos levo os que ela me trouxe – e ainda traz – apesar de alguns, vez ou outra, não fazerem tanto sentido assim para mim. Para a reflexão de hoje, vou me ater a dois conselhos – naquela época eram ordens – recebidas de mamãe, quase que diariamente, quando garotinha. Como se fosse ontem, lembro de minha mãe fazendo a seguinte orientação quando estávamos prestes a sair de casa – para passeio ou missa, ficar na casa de alguma tia – não importava o evento: “ você vestiu a calcinha certa? Olhou se não tem algum furo? ”. E a explicação vinha em seguida: “ porque se acontecer alguma coisa e tiver que te levar no médico, tem que estar com a roupa boa ”. Hoje, avaliando friamente, me pergunto se mamãe estaria aflita com um possível acidente ou com a vergonha de alguém ver a filha dela com uma calcinha furada?! De certo ela pensava em ambas as situações! Outra recomendação que não esqueço – essa faz mais sentido, inclusive...
...amanhã viajo para a Bahia numa daquelas viagens que costumo fazer ao menos uma vez por ano; a preferência é por praia – tenho cometido o pecado de não ver o mar aqui no Espírito Santo. Lamentável. Eu sei. Ontem à noite, na tentativa de adiantar as coisas, lavei a roupa e fiz as unhas, usei esmalte vermelho e até que ficou bom, mas a busca por uma inexistente perfeição me fez enxergar tantos defeitos que esse “até que ficou bom” está ecoando na cabeça como um “vamos tirar isso e fazer de novo”. Saí pela manhã e deixei a roupa limpa no varal, não secou durante a noite – essa é uma saudade que prevejo ter quando os dias de inverno chegarem. É tão comum dizer sobre o tempo e a forma como passa rápido – a viagem para a Bahia está prevista há quase um ano e já é amanhã – a gente fala, entretanto, percebe mesmo que o tempo passa quando a vida não existe mais. Hoje acordei num misto de sentimentos, certamente, acentuados pelos hormônios em ebulição do período menstrual, contudo independente...
"Crônica sobre infância, imaginação e viagens que começam antes do passaporte"... Entre as memórias de infância estão aquelas em que, segurando o microfone – uma pequena vareta de antena de televisão com uma bolinha de espuma velha de algum colchão na ponta –, a repórter internacional, espécie de Ilze Scamparini mirim, noticiava fatos, viajando em mirabolantes pensamentos por lugares do mundo inteiro. Às vezes de pé nalguma pedra ou às margens da lagoa onde se criavam os peixes, as aparições da repórter se davam nesses ambientes que em nada ficavam devendo aos charmosos telhados italianos de Ilze. A correspondente, à época com seis anos, passeava por aeroportos observando as multidões, a reboque era conduzida pela imaginação e a pergunta constante: “para onde estão indo?”. Verdade mesmo é que, apesar de viajar tanto, nossa pequena cover de Ilze Scamparini jamais deixou as fronteiras de sua terra natal, Taquarinha; suas jornadas pelo mundo aconteciam dentro dela, reproduzindo ...
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