"Sempre tenho confiança de que não serei maltratado na porta do céu, e mesmo que São Pedro tenha ordem para não me deixar entrar, ele ficará indeciso quando eu lhe disser em voz baixa:"Eu sou lá de Cachoeiro..."

(Rubem Braga)

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

...


Feri-me.
O rubro sangue tinge aos poucos a alva pele.
Por sulcos imperfeitos espalha-se.
Inventa caminhos pré-traçados...

Feri-me.
A dor do corte percorreu-me o corpo.
Calafrios. Tensão. Dor.
Ferida aberta, uma fenda de carne e sangue...

Feri-me.
I closed my eyes.
Desejei não estar ferida (e não sentir-me ferida).
I hoped to see different things… but… was late.

Feri-me.
And I really don’t know how I could do this.
Encharcou-me o sangue ainda aquecido…
O mesmo que, pouco antes, garantia-me vida.

Feri-me.
Dor física. Superável.
Pele. Sangue. Carne. Cicatriz.
Sarada a ferida, esquecida a dor. Fim.

Feri-me.
Não vi o sangue inventar caminhos.
Pele e carne mantiveram-se intactas.
Dor? Sim.

Feri-me.
Não o corpo.
Machucou-me a alma.
Arrebentou-me o coração...

...não sangrei; consumi-me em dor.

E fim.

Valquiria Rigon Volpato, 11 de setembro de 2011.

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