...os carros desaparecessem, se as motos parassem de trafegar, se as sirenes parassem de tocar, se os sinais parassem de bater? Se as campanhinhas silenciassem, se os telefones não chamassem, se as músicas emudecessem, se as palavras se calassem, se peruinhas de som não mais andassem, se as buzinas desligassem? Se os liquidificadores estragassem, se as televisões queimassem, se os computadores pifassem, se tudo o que emite som parasse de funcionar, assim, de repente? Se até a respiração diminuísse, e os passos ficassem mais lentos, as piscadelas de olho em câmera lenta, e tudo ficasse mais quieto, mais brando, mais tímido, mais inocente...? E se o que apenas se ouvisse fosse o canto dos pássaros, os estalarem das folhas sendo cortadas pelas formigas, as cigarras no canto pré-noturno, o sapo boi coordenando a sinfonia na lagoa, o bacurau repetindo “ amanhã eu vou ”, os cachorros do mato uivando para reunir o bando, um cavalo solto relinchando, um bem-te-vi desavisado cantarolando e as ...