"Sempre tenho confiança de que não serei maltratado na porta do céu, e mesmo que São Pedro tenha ordem para não me deixar entrar, ele ficará indeciso quando eu lhe disser em voz baixa:"Eu sou lá de Cachoeiro..."

(Rubem Braga)

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Coisinhas do cotidiano

Graças a Deus o cotidiano nos dá a oportunidade de nos corrigir percebendo o detalhe no erro do outro. E quando se está disposto a aprender, melhor escola não há. Importante, também, identificar “certo” e “errado”. Coisa simples: aconteceu que um homem estava em seu carro, parado sobre a ponte (sinal fechado), as 08h, fumando um cigarro. Sinal abriu; homem abriu o vidro do carro; meio cigarro ainda fumegando foi caindo e depois ficou rolando pelo chão. Homem foi embora, assim como todos os outros por ali, só o cigarro ficou...

Avenida movimentada, centro da cidade, quase meio dia, sol quente e gente faminta. Pedestre apressado. Sinal aberto (para os carros) e faixa a uns três metros. Pedestre ignora o sinal vermelho (para ele) e também a faixa. Corre de um lado para o outro, passa veloz o pedestre. Minutos depois (apenas dois), sinal fechado (agora para os carros), trânsito parado (assim como a faixa). Cadê o pedestre? Já se foi... “Bom dia!”. “Bom dia?”. Sem resposta. Cara feia e um monte de ordens. Nada de bom, apenas um início ruim. Boa intenção veio, mas educação (que é bom) ficou em casa. Que pena... Caminhando pelas calçadas uma mulher seguia a minha frente. Com sede, ela conseguiu um copinho d’água, e aos poucos se refrescava. Acabou a água. Não deve ter acabado a sede. Lixeira logo à frente, mas espere! Leve o copinho! Não o deixe aqui no chão...
Coisinhas simples, coisinhas do cotidiano, mas que são tão difíceis de reparar, tão difíceis de acertar.

Esses dias estive no Rio de Janeiro, cidade grande. Parei no ponto para esperar o ônibus: “Tão levando muita coisa lá na praia. Arrastão. Era fácil resolver o problema, só precisava ter um armário com uma chabinha e aí o povo guardaria as coisas lá dentro”. Sabedoria popular de aparentemente 70 anos, pele morena e lenço no cabelo. Aprendizado in natura... Viva o cotidiano!

Faltam duas semanas para terminar 2009. Isso significa que para muita gente restam duas semanas para cumprirem as promessas feitas para este ano. Não é bom prometer aquilo que não se pode cumprir, ainda mais quando as promessas querem dar passos maiores que as pernas. Ainda mais quando nem sempre conseguimos as coisinhas fáceis do cotidiano. Para 2010, bom mesmo é prometer nada; assim, cada realização será uma conquista. Preocupo-me com algumas promessas ainda não cumpridas (alguém sabe do que estou falando?), mas isso é assunto para depois. Para hoje bastam às simplicidades do dia a dia. Coisas que devemos aprender para ensinar.

(Valquiria Rigon Volpato - Advogada)

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